
Mais um a preto e branco, este sem grande razão de o ser.
13 (Tzameti) é a história de um homem que, depois de roubar uma carta de casa do seu falecido patrão, se vê envolvido num jogo perverso em que se apostam as vidas dos participantes. Uma espécie de roleta-russa, estendida a vários participantes simultâneamente.
Primeiro temos de nos distanciar dos elogios e prémios que o filme tem recebido. É, sem dúvida, uma obra audaz e singular, mas, ao mesmo tempo, muito incompleta. Não há, e parecia-me fundamental, um desenvolvimento dos personagens principais. Sabemos que Sébastien vem de uma família pobre, mas não sabemos mais nada sobre ele. É apenas uma vítima do acaso que está no local errado, na altura errada. Deparamo-nos com um jogo cuja origem é desconhecida, assim como os seus intervenientes. Patrões da droga, mafiosos, milionários, provavelmente um pouco de todos, apostavam a vida de pessoas que se "disponibilizavam" a troco de algum dinheiro. Mas, devemos mesmo acreditar que os sobreviventes e, consequentemente, vencedores do concurso, vão à vida deles com o dinheiro, mesmo depois de terem visto a cara daquelas mentes libertinas que organizaram e participaram naquele jogo demente?
Agora, as qualidades do filme são indiscutíveis. Especialmente o jogo em si. É de uma angústia virtiginosa e não precisa de recorrer, como Hostel (que tem uma temática semelhante), a violência gratuita e exagerada, para ser eficaz como thriller psicológico. As cenas que se passam na sala do jogo provocam-nos, literalmente, suores frios e tremores. O ambiente soturno e negro contribui para essa tensão e, será a única explicação que encontro para a utilização da fotografia a preto e branco. De resto considero-a dispensável e por vezes o filme perde alguma dinâmica por estar limitado a não ter côr.
O actor principal, George Babluani, irmão do realizador, demora algum tempo a mostrar do que é capaz, começando até por parecer pouco talentoso. Assim que entra no jogo transforma-se e dá uma interpretação acima da média. No final, percebemos que foi a escolha certa para o papel.
Já se promete um remake americano, como não podia deixar de ser.
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Toda essa carência é de fato a força do filme e não sua fraqueza. Quanto menos detalhes temos, mais uma mensagem adquire poder simbólico. O miserável explorado, os ricos gananciosos, o jogo inescrupuloso não sendo particularizados, transformam-se em modelos universais que ultrapassam o limite daquele lugar, daquele tempo. E é essa presença ameaçadora do horror que o filme transmite. O menos nele, é mais.
Fabilim (botequimdoze.zip.net)